sexta-feira, 30 de agosto de 2013

f(x) - Rum Pum Pum Pum (Faixa)

Em que nós recomendamos ao Ramon a leitura dos seguintes artigos:
"A superação da dialética", "O fim da indústria cultural" e 
"A superação da Teoria Estética de Adorno".

[Escute]


Danilo Bortoli [10]
2013 tem sido um ano especialmente excelente para singles do k-pop. “I Got A Boy”, “I Like That” e “What’s Your Name?” são alguns dos exemplos que podem ser citados. Mas “Rum Pum Pum Pum” rompe todas as barreiras do que eu esperava agora e é a melhor canção que um girl band pode fazer em 2013. Não porque é a melhor canção de todos os tempos baseando-se numa onomatopeia. “Rum Pum Pum Pum” é o produto de uma geração que pensa no pop como um jogo, em que a jogada e o movimento mais ousado ganham. Nesse sentido, as f(x) são excelentes: elas se apropriam de todo um sistema de valores do pop ocidental (que, preferencialmente, nós deixamos de lado na segunda metade da década passada) e demonstra como essa decisão de abandonar esses valores foi estúpida. Mesmo assim, “Rum Pum Pum Pum” não é exatamente um golpe no nosso estômago de como as coisas devem ser feitas. Nem é um manual. É um combo (o quase rap como destaque) e um movimento mais sutil. O que faz com que eu fixe nas f(x) tudo o que quero que aconteça no pop. Até agora, elas ganham. Por que, assim como alguns grupos recentes, ninguém mais faz o que elas fazem.

Ramon R. Duarte [0.5]
Eu tenho um pouco de pena dessas girl bands asiáticas, na verdade eu tenho muita, mas muita pena. De todos os discursos pobres – ou inocentes, na melhor das hipóteses - que buscam enquadrar, a todo custo, o k-pop como algo musicalmente sério/aceitável nos moldes vazios de charts, visualizações, entre outras consequências fúteis do mundo globalizado, isso na esfera ou não do pop mainstream, “pop radiofônico” ou qualquer outro termo igualmente desimportante que possam criar, decerto aquele que mais me surpreende - isso pelo pensamento bobo e simplista que sustenta - é o que trata de basicamente resumir, não só o pop coreano como também todo o pop asiático, em uma subcategoria de retrato burlesco do pop do ocidente, isso quando tal mendicância não foge do âmbito cômico, pois aí sim sobra de vez para a contemplação da mediocridade em seu pior sentido interpretativo. Prevalece uma falsa consideração por aquilo que na verdade não passa de detrito, que apenas reproduz, ou tenta reproduzir de modo rasteiro o que seria o conteúdo genuíno da música pop (lê-se novamente pop mainstream ocidental) – quando esse, na maioria das vezes, é igualmente ordinário. Eu tento, eu juro que tento não acreditar que isso seja levado a sério basicamente por tal pensamento, pois não entra na minha cabeça um raciocínio artístico tão limitado e infeliz, uma reflexão que reduz a arte e a produção artística ao seu duplo caráter mimético, quando sabemos que tudo já não passa de uma grande imitação, ou seja: aqui é dupla representação, dupla banalidade, dupla porcaria. A indigência da arte atinge a segunda potência. 

Julio Pio [8.5]
Não adianta você querer culpar a língua quando é a distância entre as culturas que faz todo o processo de tradução se tornar mais escorregadio. O que fazer? As meninas do f(x) parecem ter dado o primeiro passo e se aproximado do ocidente - e ao contrário de nós, que colocamos logo uma etiqueta do exótico, elas simplesmente absorvem e são absorvidas pelo pop ocidental de uma maneira absolutamente deliciosa. E de uma maneira absolutamente corajosa, traz ainda mais referências orientais, como se os olhos e a língua não bastassem pra deixar você desconcertado de dançar o que não entende. Talvez elas consigam entender você. 

Felipe Reis [7.5]
E mais um single de k-pop vem pra confirmar que os coreanos estudaram tão bem o pop radiofônico para replicá-lo que tornaram-se donos de uma sensibilidade ímpar para produção e melodias vocais, coisa que os americanos deixaram de dominar a alguns anos em detrimento do apelo fácil e genérico do club farofa. Lembra do hit de 2001-2004 que você amava mas fingia não gostar pra manter a credibilidade? "Rum Pum Pum Pum" é ele, só que levemente remastigado e num tempo que você não precisa esconder que gostou. 




6.6

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